domingo, 30 de dezembro de 2007

A NOITE




À noite vêm como um ladrão surrupiador
Tentando trazer para dentro de si
As criaturas com queixos esguios de gengibre
E pensamentos ébrios de almíscar

A noite nós saímos e vivemos nossos sonhos
Aqueles que sonhamos acordados
A noite é sempre a melhor parte
Em que cobrimos nosso corpo com fitas e alicates

Dizemos a nós mesmos: “Que se dane o Outono!
Que venha o Inverno de nossas Almas!”
Quebramos o nosso coração em centenas de pedaços
Todos possíveis de serem colados

Vamos juntando e pegando um – a - um
Com as Almas Invernais que nós encontramos
Quando ele estiver colado, gasto, com a cor sem brilho
Descobrimos que a vida é a noite do nosso Destino

Ass.THIAGO MANZO

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

LÁBIOS



Ela fugiu de mim toda vestida de branco e com o batom manchado
Nos lábios.
Sei que estava borrado, pois a outra parte que resta do vermelho estava
Nos meus lábios.
Corri em direção à imagem que fugia pelos arcos, e vi que o ar passava
Por aqueles lábios.
Vi o mover daquela mulher que corria na chuva fina que começou a cair e Um grito saiu dos meus lábios.
Eu repeti aquilo que ela tinha dito no momento exato que ela gritou
Entre lábios.
Eu li o batom se mover na chuva e me sussurrar na distância:“Eu Te Amo!”
Pelo abrir dos lábios.
Da mesma forma que ela me repetiu a mesma fala enquanto eu estava no meio das pernas
Chupando seus lábios.
Logo, ter caído pesado nos braços dela e ter gozado forte como um touro
Beijando seus lábios.
Fugir pelos becos da minha vida sem encontrar outra mulher como essa que
Deixou a marca do Amor em meus lábios.
Saber que só assim e no próximo sábado, pagarei novamente por tal Amor
Porque ela têm lábia.
ass. THIAGO MANZO

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

ELES



Disseram que faria muita diferença
viver entre os mortos enquanto se está vivo
Disseram que tudo que acaba
é apenas um momento de reflexão
Disseram que era muito bonito
as montanhas e os céus para quem está para morrer
Disseram que tudo iria acabar
com a chegada do outono que rouba a primavera

Eles dizem muito sobre um monte de coisas
Que no Fim se torna Nada
Sair do Silêncio indo em direção do Nada
para alcançar a Eternidade
Para quem é padre isso pode até ser a salvação
Mas quem pensa em eucaristia sem religião?
Quem pensa em guerras para poder ficar em paz?
Quem pensa não diz, quem diz só pensa


E eu que pensei que poderia estar livre no Fim
Estou com a corda no meu pescoço
ouvindo os gritos dos condenados
e som da voz doce dos corvos.

THIAGO MANZO

sábado, 13 de outubro de 2007

Inércia


Hoje acordei com uma coisa incerta,
uma sensação torta,
não era uma vela acesa
nem estava aberta uma porta
Talvez era aquela Dor,
tal qualquer aposta,
aquela velha Dor que sempre volta,
Mas, muito idosa é.
Tenho sete vidas ao som da manhã,
minha imagem flutua num rio,
Não é porque não estou aqui,
Não estou junto, mas talvez....
Hoje acordei sozinho e parado,
sentei quieto e permaneci calado,
Não quero estar aqui
não porque não posso, porque não quero.
THIAGO MANZO

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Tranque, Toque e Rasgue


Está Tarde

Taticamente Tarde

Taras caretas se atacham

Tacitamente a minha Tenacidade

Talvez tragam o Tempo de Thanathos

(tantas incertezas trabalhosas)


Foi Tarde

o trabalho de ser Tartáro

Tranquem o Tanque toquem o Tambor

Rasguem o Trapo, assim tá Tudo Certo.
THIAGO MANZO

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Mexe Mexe no Buraco - II O Sólido Rei de Paus


Meu reino, aqui estou
pronto para a batalha
para conquistar a dama
derrotar quem me atrapalha

Meu sentimento é nobre
entrego meu ouro e minha espada
renego toda a minha fortaleza
por algumas horas com a amada

Por que rejeitar o aconchego?
a segurança de um rei de paus
por que aceitar o desespero
correr em busca de amores maus

Acredito não ser o melhor coração
mas de que vale um valete?
uma rainha precisa de um rei
simples, como na canastra as cartas são sete
BARBARA BONECA

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Ode à Terra ( palavras recusadas )


O meu povo aprendeu a ler com a terra e a escrever com a enxada
É preciso reformar a estrutura e partir a caixa óssea
É preciso ter Amor e Amar assim mesmo.
É preciso mudar daqui e ter que partir de lá.
É preciso ter outras pessoas, outras faces em outros lugares.
Outros autodidatas. Pindoramas Brasiliens Imigratorium.
Ser a autofagia psicográfica da minha nação.
Ser a mãe de portugueses, italianos, franceses e tio do alemão.
Ser os corpos firmes e robustos, sem anexos e com braços extendidos Amorenados ou “mignons” que rasgam o Oceano.
É preciso ser o ladrão de serenatas em noites quentes.
É preciso ser Real, vindo do Cruzeiro do Sul.
"Io , che soffre al petto, come in primo piano,
Per piani e per monti, col petto ansante."
É preciso ser o cavalo vermelho sem rédeas brancas
É preciso ser o garoto de peito nu e cabelo ao vento que parte o céu de Encontro a água.
É partir a cabeça de chegada a pedra e teu sangue misto co’a água e ser realmente um com a Terra.
Ser realmente um Homem longe dos campos de Olympia.
Ser realmente um Brasileiro.

THIAGO MANZO

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Eramos Algo Meio Tosco


Eramos algo meio tosco, completo como o fim da viela com raspas de metal lamacento, era
[algo feio.
Feio como as calhas de um azul esbranquiçado escorrendo as borras sob uma lua de
[amarelina
Aquele torque que nos dizimava por inércia, aquela força animalesca, a supra feiúra do que
[é feio e trâgico, a concepção como cães, o olhar enrubecido,
O pomo de Adão dos Bebados, e, selvagens como uma figura sem uma parte da cabeça,
[aquela parte que pensa, não age. Não Age.
A risada do padre com a sarna viva enlouquecedora trazendo a Boa Nova.
Eramos a fratura exposta da Lapa sem anestesia, alcalóide, prostitutos com peitos, e veias [artisticas. E daí se infeccionar?


Nós eramos a lembrança de Tio Salvador, sentado do lado do papagaio junto da gaiola
[preso perto da janela,
Meu tio se balançando na cadeira enfiando dois gomos de mexerica olhando papai se Automutilar com um prego escondido no barro, o sangue à correr, o branco do rosto tão
[suave e os raios de sol entre eles,
os passos da escada perto da cozinha e Anália já pronta pro baile escondendo na polaina,
[bem na parte quente, o tecido de cabra para Quim.

E eu no mato vendo meu olhar refletido sobre as águas da lagoa, desnudo, sozinho e o capataz de Oliveira arfando perto do mato.
Sempre vinha suado pro jantar.

Nós eramos tão promissores, nós que somos do interior orgânico do
[mundo, Nós que somos
[a tragédia sertaneja consumada na lápide do saleiro.
Nós o ponto nefrágico, nós, o nervo compulsivo.
Nós que aqui estamos por vós esperamos.

THIAGO MANZO

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Eu gosto


Eu gosto.
Eu gosto de cheiro de grama molhada.
De chuva batendo em telha de barro.
Do cheiro de café passado que empesteia a casa.
De tomar banho quente e se enrolar em toalhas quentes numa noite fria.
Ficar debaixo do cobertor junto quem eu amo amando.
De comer pizza de mussarela com mostarda e ketchup.
De pirulito que deixa a língua azul.
De dormir tard e acordar tarde quando não tenho que acordar cedo.
De acordar cedo quando não tenho que acordar cedo.
De rosas vermelhas enfiadas em baionetas.
De corpos enfileirados na lama cobertos de cal.
Eu gosto de perfume de mulher grudado na roupa, nas mãos, no corpo.
De ser torturado e ficar sem roupa, sem mãos, sem corpo.
Do cheiro da maresia enquanto eu assisto o pôr-do-sol.
De ser acordado com ducha fria no nascer do sol.
De comer pão com manteiga derretida só porque o pãozinho tá quentinho.
De passar fome e lamber latas de lixo pra sentir o gosto da podridão.
De dinheiro sujo e panacas esperando com as manoplas estendidas.
De judeus servidos no Natal.
De corredores da morte e o suave clima da tensão.
De bombardeios em pequenas vilas.
De tiranos, ditadores, opressores, capitalistas e forjadores de óbitos.
De crianças estupradas na frente dos pais.
De índios presos, queimados e roubados de seu próprio país.
De raptos, seqüestros, sonegações, chantagens e humilhações;
De desemprego, pobreza, injustiça, calamidades e misérias.
De receber meus inimigos na minha casa.
Eu gosto da Esperança, uma velha amiga que já não vejo faz muito tempo e só de saber que vou morrer antes dela, já me alegra e isso eu gosto.
Eu gosto.
Ponto final.


THIAGO MANZO


*faz parte gostar dessas coisas da vida.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Meu Compadre


Meu compadre, meu amigo
Estou indo lhe ver amanhã bem cedo
Quero lhe dizer que estou com saudades do teu olhar cansado e sereno
E quando eu estiver do seu lado esqueçamos as guerras, a fome e a miséria
Entrarei no quarto e verei seu corpo deitado na cama, teso e puro
Descansarei meu olhar tranquilo sobre ti e sorrirás
Como sorristes varias vezes seguidas caçoando da vida e planejando cada jogada
Com teu sorriso sacana como se perguntasse “ Que cara de velho é essa?”
Eu olharei timído com minha cara de velho, realmente velho.
Não há nada que se diga com palavras e se escreva nesse papel que possa demonstrar o que sinto. E o que sinto é carinho.

Carinho é xadrez com certezas de ganho, é mel de abelha em favos cobertos de luz.
Carinho é o pôr-do-sol nas crianças lambuzadas de creme
É uma praia de areias brancas e montanhas verdes até onde a vista pode alcançar
É estar desnudo contra as ondas do mar enfrentando Netuno
E sentir uma alma solene se aproximando e com toda a certeza do coração saber que
A Morte é o toque de um Deus no ombro,
Caronte revestido de ouro com dentes de pantera, se antes de mim levares o óbulo ao barqueiro sombrio lembra-te que serei o estrangeiro em casa.
Olhando para os meus pés com as mãos cruzadas, segurando meu folégo embaixo do sobretudo naquele quarto vazio lhe pedirei encarecidamente.
Diga para Caronte que estou chegando. Será uma festa.

THIAGO MANZO


Poesia criada em homenagem a amizade inabalavel entre dois amigos inseparáveis desde a infância sendo eles: meu pai e meu tio. A Separação que agora ocorre é apenas física.

The Day That Will Never Come


The sun will rise at the sky while we´re be still sleeping
We´ll wake up in morning while the birds are singing
We´ll go to the yard to enjoy the sun´s heat
The children will play while the world is in peace
In the day that will never come
The day that will never come


The moon will show up at the sky while we´re celebrating
The sun say goodbye and take away the day
The children go to bed in a world without pain
To wake up tomorrow when the sun rise again
In the day that will never comeThe day that will never come
A world without gods to make us different
A world without wars to give us peace
In the day that will never come

ANDRÉ GARCIA

* André Garcia toca numa banda de punk rock chamada The New Avengers gosta de mulher, cerveja e desenhos. Tudo que presta.