segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Eramos Algo Meio Tosco


Eramos algo meio tosco, completo como o fim da viela com raspas de metal lamacento, era
[algo feio.
Feio como as calhas de um azul esbranquiçado escorrendo as borras sob uma lua de
[amarelina
Aquele torque que nos dizimava por inércia, aquela força animalesca, a supra feiúra do que
[é feio e trâgico, a concepção como cães, o olhar enrubecido,
O pomo de Adão dos Bebados, e, selvagens como uma figura sem uma parte da cabeça,
[aquela parte que pensa, não age. Não Age.
A risada do padre com a sarna viva enlouquecedora trazendo a Boa Nova.
Eramos a fratura exposta da Lapa sem anestesia, alcalóide, prostitutos com peitos, e veias [artisticas. E daí se infeccionar?


Nós eramos a lembrança de Tio Salvador, sentado do lado do papagaio junto da gaiola
[preso perto da janela,
Meu tio se balançando na cadeira enfiando dois gomos de mexerica olhando papai se Automutilar com um prego escondido no barro, o sangue à correr, o branco do rosto tão
[suave e os raios de sol entre eles,
os passos da escada perto da cozinha e Anália já pronta pro baile escondendo na polaina,
[bem na parte quente, o tecido de cabra para Quim.

E eu no mato vendo meu olhar refletido sobre as águas da lagoa, desnudo, sozinho e o capataz de Oliveira arfando perto do mato.
Sempre vinha suado pro jantar.

Nós eramos tão promissores, nós que somos do interior orgânico do
[mundo, Nós que somos
[a tragédia sertaneja consumada na lápide do saleiro.
Nós o ponto nefrágico, nós, o nervo compulsivo.
Nós que aqui estamos por vós esperamos.

THIAGO MANZO

Um comentário:

kiki disse...

lindo lindo lindo.
quase chorei.