quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

10.000 Dias


10.000 dias é o nome do meu tempo
E quanto dura o meu impedimento
Sobrepujando o pensamento
Repensando sobre o firmamento

10.000 dias de torpor ininterrupto
Eu morto no meu corpo intruso
Ciente de estar num Coma consciente
Como Prometeu que se bica constantemente

10.000 dias que ainda não acabaram
Hoje eu saio da casa da minha adolescência
e adentro a minha vida adulta, será curta?
Aproveitarei enquanto existir.

Os carros que me carregam até aqui
agora preparam a minha subida.
Tragam os seus mortos! diz Caronte.
A vida ficou infinita pra quem carrega morte.

Me banho, lavo minha mãos, sal grosso
Ervas finas, um maço fresco de canela e ouro.
Penteio meus cabelos, escolha minha toga e ouço:
Quero estar preparado!

ass.THIAGO MANZO

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Uma Tal Mulher


Ela tinha olhos de serpente
E um corpo de mulher,
Ela permanecia o tempo todo deitada
Entre os lençóis e almofadas.
Como toda mulher de hoje,
Ela já não é mais assim.

Ela era rainha de bateria
E adorava o salgueiro
Vivia a rotina da semana
Que voltava na segunda-feira.
Como toda mulher de hoje,
Ela já não é mais assim.

Se casou cedo com um coronel
Teve filhos e viuvou,
Lia livros sem capa
Que perderam o valor.
Como toda mulher de hoje,
Ela já não é mais assim.

Tem uma parede cheia de fotos
Que o tempo apagou,
Adora a cor rosa
Mas só veste vermelho.
Como toda mulher de hoje,
Ela já não é mais assim.

No fim da noite, quando o ultimo entrar,
Ela apaga a luz e vai passear,
Deixa pra trás a vela acesa
E espera ver a casa queimar.
Como toda mulher de hoje,
Ela já não é mais assim.

No seu enterro
Só teve bêbados e malandros, e eu.
Fizeram um samba
Para sua cama e seu canto.
Como toda mulher de hoje,
Ela já não é mais assim.

ass. THIAGO MANZO